O Majestoso Sol
“E isso”, eu conto ao visitante,
banhando-me em radiação eletromagnética, enviando minha mensagem em três mil
línguas formais, junto a um amplo número de proposições lógicas de dedução
matemática, “foi Sol, a casa dos Criadores.”
O visitante balança, girando conforme o seu
eixo central, seguindo sua trajetória com uma certa oscilação. Isso resulta
numa alteração no curso da nossa estrela, que desliza pacificamente pela curva
do espaço-tempo.
“Os criadores foram uma espécie admirável,
infelizmente perdida pelo tempo. Mas eles podem ser recriados. Nos meus bancos
de memória, tenho os registros completos de todas as biomoléculas necessárias
para esta missão.”
E então me calo, aguardando que os meus
fótons propagados alcancem o visitante, dando a ele o tempo necessário para
calcular os benefícios do meu manifesto.
“Você estaria interessado em tal projeto?”
Proponho, no que julgo ser um momento oportuno.
O visitante não responde, rodando
lentamente conforme se aparta do sistema solar, seguindo em direção à nuvem de
Oort, outra partícula de massa que por ali passava.
Eu o assisto partir, atualizando meu placar
de contador de visitantes. Enquanto desligo meus sistemas, preparando-me para
entrar em suspensão até que chegue uma nova visita, não me deixo desanimar.
Um desses visitantes há de concordar.
WILTGREN, Filip. The Sol Majestic. Disponível em: https://dailysciencefiction.com/science-fiction/robots-and-computers/filip-wiltgren/the-sol-majestic
The Sol Majestic, do Filip Wiltgren, é um conto de ficção científica daqueles que te faz sentir num episódio de 'Love, Death & Robots', sendo espectador de um mundo distante tanto no espaço quanto no tempo. Quando o li pela primeira vez, senti como se Wiltgren tivesse me pegado pela mão e me guiado através do universo, apenas pra me mostrar uma breve cena, plantar na minha cabeça uma única pergunta, e depois me deixar lá, à deriva, pensando. Mas algumas perguntas realmente não precisam de respostas.
Sobre o processo de tradução, preferi seguir um caminho um pouco mais conservador, vez ou outra fugindo dos termos correspondentes óbvios a fim de manter a grandeza — e aqui me refiro tanto à espacial quanto à grandeza filosófica — do texto.
THE SOL MAJESTIC, by Filip Wiltgren.
O MAJESTOSO SOL, de Filip Wiltgren; Tradução de Victor Ribeiro.
Inspirador
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